domingo, 18 de novembro de 2007

Acredite, vale muito a pena

- Então, estamos indo embora.
- Já?
- Mas a gente volta no fim de semana que vem.
- Fim de semana que vem? Fim de semana que vem demora muito. Eu me sinto bem quando vocês vem aqui.

E abriu um sorriso. Meu peito acelerou, senti um arrepio. Não existe e nem pode existir nada mais gratificante neste mundo do que ouvir isso. Quis adotá-lo, fugir com ele dali, levá-lo pra casa e nunca mais deixar que fizessem mal a ele.

É meio indescritível e inexplicável o que sentimos quando recebemos uma retribuição assim de alguém que estamos tentando ajudar. Uma frase assim enche o voluntariado de sentido, faz o esforço de cada tarde de sábado e de cada manhã de domingo valer a pena.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Jornalistando no feriadão

Jornalistas de plantão, vocês estão sabendo disso aqui: http://www.jornalistaescritor.org/ ?
Não?
Entrem no site AGORA. Sério, um evento desses não podemos perder. Só vai gente de peso e o melhor de tudo: é de graça.
Fica a dica!

domingo, 11 de novembro de 2007

A cronicidade dos transportes públicos

Ontem, depois de muitos, muitos, muitos meses mesmo peguei a linha verde. Tinha esquecido do quanto eu gosto de pegar metrô nessa linha. É tudo tão clean, tão agradável, tão artístico.

Na estação Vila Madalena, entro no vagão e me deparo com umas televisõeszinhas penduradas no teto. Quase me senti no Japão. Eu me lembrava desses pequenos televisores, mas nunca os tinha visto ligados. Até que, ontem, pela primeira vez, lá estavam eles, dando informações sobre o menor peixe do mundo. Vocês sabiam que o menor peixe do mundo vive nas Filipinas? Pois é. Ele vive nas Filipinas e mede não-sei-quanto exatamente, mas lembro que ele é menor do que 1 centímetro.

Vejam só, metrô também é cultura. Cultura inútil, é verdade, mas não totalmente descartável. Situações como essa podem gerar surtos inspiração superprodutivos. Talvez soe um tanto estranho para vocês, mas acredito que escrevia mais e melhor quando perambulava por aí usando transporte público. Agora que eu dirijo pra cima e pra baixo, sinto falta de encarar o aperto de um ônibus na hora do rush.

Como assim você sente falta de pegar ônibus lotado, Renata? Você está sã? Você bebeu? Não, gente. Explico: Passo cerca de 3 horas por dia indo para lá e para cá dentro de um carro. Lógico que tem suas vantagens. Vou ouvindo rádio numa boa e não me estresso, a não ser com aqueles boyzinhos apressados que costuram o trânsito e que realmente me tiram do sério. Além disso, dirigir também é muito gostoso. Quando o tráfego está livre, é quase uma terapia. Mas as vantagens acabam por aí.

O carro, quando você não dá carona para ninguém, é um meio de transporte muito solitário. É só você, você, você, o Heródoto falando no rádio de vez em quando, você de novo e mais ninguém. Tem as outras pessoas, que estão nos outros carros, mas dificilmente você vai ter alguma oportunidade de interação com elas. A não ser quando você fecha alguém e toma um xingo ou quando você bate o carro e é obrigado a descer para pegar dados.

Já um ônibus lotado, às vezes, nos presenteia com situações tão inusitadas que geram crônicas belíssimas. Situações que eu jamais poderia presenciar se estivesse dirigindo o meu Golzinho. É disso que eu sinto falta. Sinto falta desse breve contato que eu tinha com outras dezenas de universos particulares desconhecidos. Sinto falta de observar as pessoas a caminho de um lugar qualquer e reparar nos seus gestos, nos seus modos. Sinto falta das histórias que ouvia sem querer querendo e de toda a inspiração que com elas vinha.

E agora, vocês continuam me achando louca?

terça-feira, 23 de outubro de 2007

domingo, 21 de outubro de 2007

Love, love, love? What is that?

Algo que escrevi em inglês dia desses. Fazia uma cara que não escrevia em inglês, sabem?

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"Love is patient, love is kind. It does not envy, it does not boast, it is not proud. It is not rude, it is not self-seeking, it is not easily angered, it keeps no record of wrongs. Love does not delight in evil but rejoices with the truth. It always protects, always trusts, always hopes, always perseveres."

Unfortunately, I still haven't found anybody who knows what all this is about. Nowadays, it's too easy to say "I love you". People say this sentence so often that it has lost its meaning. It's just like saying "hello" or "goodbye". It has become an empty something, a frivolous caprice of people who want to impress and get a piece of “that”, if you know what I mean. Or maybe this kind of love I’ve been thinking of doesn’t really exist. Maybe only mothers know what true love is. Therefore, I believe one should say “I love the relationship I’ve been having with you” instead of saying “I love you”. ‘Cause truly loving somebody is a way too complicated.

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É engraçado como algumas pessoas, num relacionamento a dois, não têm coragem de dizer a verdade quando não gostam mais do seu(sua) companheiro(a). Estava discutindo isso com uma amiga na semana passada. Em vez de expor a verdade nua e crua rapidamente, ficam caçando pêlo em ovo e dando um monte de desculpas...até arranjar uma que seja pelo menos um pouco digna de um pé na bunda. Não sei o que é pior. Acho que ir direto ao ponto pode ser doloroso, mas talvez a superação seja mais fácil e menos demorada.

E pode esquecer que, depois de um fim traumático, o(a) seu(sua) ex não vai pagar a conta do analista pra você.

sábado, 13 de outubro de 2007

Um tapa na cara, um soco no estômago


Tropa de Elite é um belo soco na boca do estômago. Fazia muito tempo que não saía tão estarrecida do cinema. Desde de Hotel Ruanda, acho. Quase chorei, sério. Tive até que sentar para digerir um pouco as coisas e tirar o nó da garganta.

Tecnicamente é muito bom. Melhor que Cidade de Deus, quem sabe. A câmera manual me deixa com um pouco de tontura, mas como filmar favela sem ser com uma manual? Sem falar que se qualquer tipo de suporte fosse usado, criaria uma sensação de “distanciamento”, acho. Os over voices do Capitão Nascimento também cansam um pouco, e, em certos momentos do filme, são desnecessários. Ah sim! E a atuação do Wagner Moura está fantástica.

Quanto ao roteiro, a película impressiona bastante, seja pela proximidade da história, seja pelo realismo com que ela foi retratada. Tá certo que eu já estou meio farta desse tema no cinema nacional. Sempre a favela, a pobreza etc. Acho que as produtoras e diretores brasileiros poderiam ampliar um pouco os horizontes nesse sentido, o que não quer dizer que a temática não deva ser abordada, até mesmo porque esse tipo filme levanta questões sobre as quais a maioria dificilmente pára para refletir.

No entanto, ao contrário de alguns filmes desse gênero, Tropa de Elite não tem final feliz. Não passa nem perto disso. Não tem mocinho pra salvar a pátria.Todos são culpados. Da polícia corrupta ao moleque de classe média viciado em drogas que financia o tráfico, ninguém saí incólume. E isso só aumenta a sensação de impunidade.

Vale muito o ingresso. Assistir em casa com DVD de camelô não pode ser tão legal.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O mal do século?

O trabalho que não deu certo? “Ai! Tô estressado.” Teve uma briguinha com o namorado? “Ai! Tô estressada.” Sua mãe te sufoca e te liga a cada 10 minutos? “Que estresse” Ultimamente, todos se dizem estressados por um motivo ou por outro, mas poucos sabem o que é estar estressado pra valer. E acho que é por isso, quando alguém se diz estressado de verdade, as pessoas não levam muito a sério, dizem que é frescura etc.

O estresse está ligado ao aparecimento de reações fisiológicas desencadeadas por diferentes tipos de situações que enfrentamos, traumáticas ou não, que exigem adaptações. Essas respostas, quando exageradas, podem levar a um desequilíbrio geral no organismo. Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas em geral, o estresse causa: dores de cabeça, indigestão, dores musculares, insônia, taquicardia, alergias, insônia, queda de cabelo, mudança de apetite, gastrite, dermatoses, esgotamento físico, apatia, memória fraca, tiques nervosos, isolamento e introspecção, sentimentos de perseguição, desmotivação, autoritarismo, irritablilidade, emotividade acentuada, ansiedade, entre outras coisas.

Descobri que estava estressada há um bom tempo. Tinha vários desses sintomas da listinha, mas não sabia que era estresse, ou não os associava ao estresse. O término do meu relacionamento de um ano agravou o quadro. Foi como válvula de escape. Tudo veio à tona de repente. Coisas que me incomodavam um pouquinho, passaram a me incomodar muito mais. Uma potencialização de sentimentos assustadora.

No meu caso, eu fiquei desequilibrada, na essência da palavra. Parecia que o meu corpo tinha saído do eixo. Me sentia como se tivesse andando numa corda bamba após tomar umas 2 taças de vinho. Era uma tontura chata, que me deixava ainda mais nervosa, por me tornar inútil. Perdi uma semana inteira de aulas na faculdade e duas provas por não poder dirigir muito.

Não é a primeira vez que isso acontece comigo. Já tive um quadro agudo de estresse quando estava no meu outro emprego e os sintomas foram basicamente os mesmos. Suspeitaram de labirintite, me deram doses e doses de dramin na veia e nada adiantou. Fiz audiometria pra ver se meus ouvidos estavam normais. Tudo okay. Fiz também o otoneurológico, que detecta labirintite. Deu negativo. O engraçado que eu só melhorei quando comecei a tomar medicamento para labirintite...vai entender.

Dessa vez foi a mesma coisa. Não cheguei a repetir os exames, nem nada. A médica que me atendeu ficou meio confusa. Não sabia o que poderia estar causando aquela tontura e tal, até eu relatar o que aconteceu comigo da outra vez. Então ela me prescreveu Vertix de novo. E só assim pra tontura ir embora. Talvez tenha um efeito meio “emplastro”. A mente tem dessas coisas.

Pelo menos agora eu sei que não preciso lidar com isso sozinha. Logicamente que a ajuda tem um preço. Preço bem alto, pra falar a verdade, mas é um investimento que eu sei que vai dar resultado.

P.S.: O The Verve voltou e só eu que não sabia?!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Dos pequenos prazeres

Escrever sobre nada específico, apenas escrever. Conversar com meus amigos em um boteco até altas horas enquanto bebo suco de polpa de abacaxi bem gelado. Sair pela cidade em busca de cenas fotogênicas. Ouvir música no carro com os vidros escancarados.Correr e gritar muito enquanto isso. Dirigir sem rumo. Tomar banho antes de dormir. Falar ao telefone com alguém divertido por horas.Dar muita risada. Falar besteira de graça. Jogar conversa fora. Ficar na banheira até os dedos ficarem enrrugados. Comer Twix derretido. Visitar amigos de sopetão. Dormir ao som do barulhinho da chuva batendo na janela. Dançar jazz pela casa quando estou sozinha. Ler até de madrugada. Tirar os sapatos no fim do dia. Ficar de pijama o dia todo no domingo.Chorar e rir ao mesmo tempo. Cortar o cabelo depois de 4 meses sem fazer isso. Andar pela Paulista sem ter um lugar pra ir. Passar horas na Fnac só namorando os livros, CDs, DVDs e aparatos eletrônicos e não comprar nada. Ver filmes que fazem pensar. Debater sobre esses filmes depois de sair da sala de projeção tomando chocolate quente. Deitar nos bancos do bosque da Metodista e ficar olhando as árvores. Olhar para o céu deitada no chão. Descer morrinhos com papelão. Xingar com os palavrões mais escrabosos alguém que fez algo de errado. Usar pijama de flanela no frio. Abraçar bem forte. Ouvir as histórias das velhinhas que me abordam no ponto de ônibus.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Sui caedere ou síndrome de Sunsan Sontag

16 de junho de 2007, quinta-feira, duas horas da tarde. Uma multidão se aglomerava na calçada do outro lado da rua onde moro. Um pouco mais a frente, três viaturas e pelo menos mais quatro cabos policiais. A movimentação era simplesmente incompatível com o horário. Na verdade, a movimentação era incompatível com qualquer situação normal. Algo muito estranho estava acontecendo.

Eu estava na garagem, esperando o portão abrir para eu subir a rampa e finalmente sair. Foi quando atingi a calçada que vi essa cena e tive dimensões do que estava havendo. Alunos da escola ao lado, moradores dos prédios vizinhos e outros transeuntes parados na rua olhando para frente.

Enquanto uma mulher de meia-idade bloqueava a saída da garagem com seu Renault Clio, olhei na direção que todos olhavam. No prédio vizinho ao meu, um homem dependurado em uma janela ameaçava se suicidar. Imediatamente pensei: “Se ele realmente quisesse se jogar, já teria se jogado”. Eu tinha absoluta certeza que ele não ia se jogar. Mesmo assim, inevitável não ficar impressionada com a situação.

Ainda meio atordoada, tornei a olhar para frente. Desta vez, percebi flashes que vinham das mais diferentes direções. Câmeras digitais e celulares de todos os tipos. Vários curiosos fotografavam a cena. Era como se a multidão gritasse “Pula! Pula logo, que eu quero uma foto!”. Quem sabe eles não conseguiriam uma imagem mais interessante se o homem se atirasse? No mesmo instante, minha garganta deu um nó. Senti nojo. Tive vontade de atropelar todos eles. O que eles fariam com uma foto daquelas?

Acelerei o carro, quis gritar e sair logo dali. Meu maior desejo naquele instante, no entanto, era não ser mais parte dessa raça (des)humana e asquerosa. A repulsa era tão grande que não coube em mim. Comecei a chorar copiosamente. Fiquei enjoada, trêmula, quase não consegui dirigir. Durante o trajeto inteiro xinguei internamente toda a humanidade e me derreti em lágrimas. Só me recompus ao chegar ao trabalho.

Quando cheguei em casa, lá pelas 22h, liguei imediatamente para o porteiro a fim de saber o desfecho da história. Felizmente, quem quer que seja, não se jogou, como eu havia previsto. E nós, quando vamos jogar pela janela esse gosto barato pelo mórbido?

domingo, 29 de julho de 2007

Volta às aulas

Voltam os amigos, os alunos, os papos no bosque da faculdade. Os trabalhos bacanas, as entrevistas, as discussões filosóficas. O chocolate quente do café do Delta, as conversas de corredor, a zoeira na sala de aula.

Mas voltam também as provas, os professores chatos e pessoas malas. As toneladas de lições de casa para corrigir, as aulas para preparar. A correria, o estresse, a cobrança, a gastrite.

Na real, eu não poderia viver sem nada disso.

domingo, 15 de julho de 2007

Anima Mundi 2007


Sexta-feira à tarde e, para não ficar no tédio, nada melhor do que bastantes animações. Já que estou trabalhando de manhã, aproveitei para ir ao Anima Mundi 2007 (www.animamundi.com.br) durante a semana mesmo. Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. As filas estavam rápidas e dava pra circular pelo local sem tomar um chute na canela ou uma cotovelada na barriga.

Faz exatos 5 anos que freqüento o Anima Mundi, e há 3 o evento é realizado no Memorial da América Latina. Eu não gosto muito da idéia, já que acho essa construção do Niemeyer em particular bem feia e desconfortável, mas as salas de lá são bem grandes, adeqüadas para as proporções que o festival tomou.

Nesta edição, parece que finalmente os organizadores usaram a cabeça e colocaram a bilheteria fora do espaço físico de evento. Ficou uma maravilha, nada de tumulto no corredor de entrada ou na praça de alimentação. Já era tempo, não? Enfim, mas chega de ficar falando de exteriores e interiores, isso é papo pra arquiteto, coisa que eu não sou.

Assisti a 3 sessões: curtas 5, curtas 3 e curtas 14. Destas, a que eu menos gostei foi a primeira e a que eu mais gostei foi a segunda.

Ainda que tenha sido uma sessão sacal, curtas 5 foi salva pelas 3 últimas animações: “Celestina”, uma animação israelense tem como pano de fundo o Nordeste brasileiro (http://br.youtube.com/watch?v=K1wo9DHpWOQ) ; “The Act”, um curta americano de 9 minutos sobre as trapalhadas de um limpador de vidros; e “Prey”, de Tom Kyzivat, sobre uma cativante (e surpreendente) criaturazinha que come grama (http://br.youtube.com/watch?v=vd0Df08bYtk). “Celestina” certamente foi a animação que mais me tocou. Chamaram a atenção a técnica, o visual, de forma geral, e a trilha sonora (“O amor aqui de casa” de Gilberto Gil.)

Curtas 3 foi uma sessão imperdível. Não dei menos de 4 pra nenhuma animação. Destaque para “Haunted Hogmanay”, (http://br.youtube.com/watch?v=avipOP98Nio)
do britânico Neil Jack, um curta-quase-longa de 29 minutos sobre um caça-fantasmas e um conhecido dele que resolvem explorar uma rua mal-assombrada que fica sob o bairro de Edinburgh.

A última sessão, curtas 14, teve altos e baixos, mais altos que baixos, é verdade. Deu pra dar boas risadas. Gostei bastante “Making of”, animação francesa que conta a história do Dragão Mo no mundo cruel da fama.

Links para outras animações bacanas do festival:

sexta-feira, 6 de julho de 2007

As últimas caixas de leite dos últimos tempos da última semana

Logo que chegou ao hipermercado, notou uma movimentação fora do normal para o horário. Era uma sexta-feira, 10 horas da noite, e o estacionamento estava bem cheio. Enquanto procurava uma vaga, a mãe dela, que estava no banco do passageiro, repetia mais uma vez o que disse durante o caminho todo:

- Tá vendo? Eu disse para você vir aqui de manhã, mas você não me ouve.

Fato é que nesse dia ela acordou extremamente tarde e um tanto preguiçosa. Passou a manhã inteira pendurada na frente da TV e não se sentia disposta a se trocar para comprar as malditas caixas de leite que estavam em promoção. Não se importava de pagar 30 centavos a mais por cada uma e ter uma manhã típica de quem está de férias. Ela poderia ir comprar o leite à noite, depois do trabalho, sem o menor problema. E foi o que fez.

Estacionou o carro e desceram. Pegaram um carrinho e subiram. No fim da rampa rolante, logo na entrada do mercado, a resposta para todo aquele movimento: “Queima de estoque. Somente neste fim de semana”, dizia uma placa.

No caminho para a seção de leite, pessoas carregando televisores, computadores e, obviamente, caixas e mais caixas de leite. Tudo estava em promoção. De eletroeletrônicos a vasos de flores. Desejou ser milhoranária para se deixar seduzir por todas aquelas ofertas tentadoras. CDs, edredons coloridos, vestidos, meias. Queria tudo! Quando finalmente chegaram ao corredor do leite, a decepção: as caixas em promoção haviam acabado. E mais uma vez sua mãe falou:

- Tá vendo? Eu disse para você vir aqui de manhã, mas você não me ouve.

Um pouco mais à frente, uma fila. Uma fila enorme, maior do que as filas que encontramos no cinema nos sábados à noite. Era a fila para pegar as caixas de leite. Mais um caminhão de leite havia chegado e eles estavam liberando as caixas aos poucos. Cada cliente tinha direito a apenas uma. Pensando melhor, a mãe tinha razão. Que droga! Ela deveria ter ido lá de manhã, mas ela não ouviu a mãe dela.

As pessoas estavam exaltadas. Algumas saíam em disparada para pegar um lugar na fila. Outras se aglomeravam na porta do estoque para brigar com os funcionários do hipermercado. O clima era estranho. Parecia que o país estava em guerra ou que aquelas eram as últimas de leite da galáxia. Virou para a sua mãe e disse:

- Parece que todas as vacas do mundo pegaram a doença da vaca louca e não vai ter mais leite.

- É verdade, filha. Parece o fim do mundo.

Aguardaram na fila por uns vinte minutos ou um pouco mais. Por fim, conseguiram duas caixas. Agora era só pagar e ir embora. Queria sair daquela confusão, só não achava que as filas do caixa estariam tão grandes quanto a fila do leite...

domingo, 1 de julho de 2007

Vinho e Soul


Quando ouvi Back To Black da Amy Winehouse pela primeira vez, imaginei que a dona daquela voz poderosa fosse uma negra bem mais velha nos moldes de Billie Holiday. Qual não foi a surpresa quando descobri que se tratava de uma inglesa de 23 anos, magricela, branca, judia, tatuada e feia. Ora, pode-se dizer qualquer coisa da Amy, menos que ela é bonita. Mas o que é a beleza física perto de tão sedutora voz? Amy pega qualquer um pelos ouvidos

Hoje a MTV Brasil transmitiu um pocket-show da Amy – "45th at night: Amy Winehouse" ou algo assim. Infelizmente perdi o primeiro bloco do programa, mas liguei a TV a tempo de pegar o finalzinho de “Wake Up Alone” e um dos primeiros comentários dela durante a perfomance: “Desculpe gente, mas hoje eu estou estragada”.

Conhecida também pelos seus porres homéricos (o primeiro single de Back To Black, Rehab, diz tudo), a inglesa, que traz álcool no sobrenome, já chegou a perder até um dente por causa de uma queda decorrente do excesso de bebida.

Confesso que chego a ficar constrangida por ela. Amy parecia bem desorientada no palco durante o show. E no fim da perfomance, saiu repentinamente sem nem mesmo esperar os aplausos do público que estava no programa. Pela a reação da platéia, alguns acharam essa atitude um pouco ofensiva. Eu dei risada.

Amy Winehouse é assim mesmo: irreverente e atrevida. E ela transmite tudo isso na sua música. Escancara sua vida, fala dos seus problemas com o álcool e drogas, das suas traições e decepções amorosas, sem se importar com o que os outros vão pensar. E foi justamente essa irreverência que me atraiu nas canções dela, além do funky jazz contagiante. Vocês podem pensar o que quiserem dessa bebum depravada, mas ninguém pode negar que Amy é, acima de tudo, verdadeira.

Foto: www.musicpassport.org

Pela vigésima vez...

Estou começando um blog novo. Na verdade, eu queria ressuscitar um dos meus antigos, mas minha memória nada tão fraca que eu não lembro nem dos endereços dos blogs, nem dos logins, nem das senhas. Pois é, a idade chega, a memória vai. Isso porque tenho apenas 20 anos, imagine quando tiver o triplo. Vou virar uma velha caquética, desmemoriada e rabugenta. Desmemoriada e rabugenta eu já sou...dessa lista só falta o "caquética".

Enfim, espero ver coisas interessantes para ter o que contar. Ah sim! Lógico! Sem não esquecer de levar o bloquinho de anotações no bolso para não acabar esquecendo das próprias idéias.